domingo, 5 de agosto de 2007

As massas alienadas também vão ao teatro


Adorno e Horkheimer, os teóricos de Frankfurt, quando fizeram seus estudos sobre comunicação e as massas alienadas teriam amado ir ao teatro João Paulo II por esses dias, onde está acontecendo uma semana muito bacana na qual são apresentados os resultados de uma oficina ocorrida no teatro com alunos da comunidade. Apresentações de dança, música, arte e tudo mais, bem produzido e entrada franca, um prato cheio pra implantar cultura de forma divertida no pensamento das pessoas. Porém...o que era pra ser meu orgulho acabou sendo o meu maior desgosto.
Cultura popular é feita do povo para o povo, essa é uma das propostas do projeto, e para que vigore necessita-se da colaboração de todos, o que parece não está acontecendo. Apresentações lidíssimas sendo menosprezadas, momentos o qual o silêncio do ator em cena explica tudo eram cortados por risadas e piadinhas toscas de um público alienado culturalmente, de pessoas que não respeitam a arte e um tanto mais de babacas que se acham no direito de atrapalhar porque não entendem, estúpidos!
Fico a pensar em tamanho desgosto que tiveram esses artistas, ver seus trabalhos ridicularizados e contar com o reconhecimento de poucos pelo seu esforço. Penso nas pessoas que gostam de teatro, que dariam uma boa grana pra verem aqueles espetáculos. E penso também nos que acharam aquilo tudo perca de tempo, besteira, “coisa de gay e maluco”.
Vi hoje a arte sendo estuprada, denegrida, violada pela superficialidade mobral da população, senti vergonha de está na platéia, senti vontade de chorar quando batiam palmas antes da hora em uma tentativa de expulsar o artista do palco, ou quando riam de cenas magníficas da dança contemporânea. E digo isso certa de que não eram apresentações difíceis de entender, eram bem simples e mastigadas, prontas pro espectador se deliciar ao contemplar o uso do corpo e da dança como forma de expressão de coisas tão cotidianas e comuns a todos nós.
Para mim falta ao público (além de educação) sensibilidade, noção mesmo, não peço elegância nem bons modos, peço apenas noção de comportamento.
Na verdade nem sei quem culpar, já que o ideal seria como foi feito, entrada livre, oportunidade de acesso ao teatro para todo mundo, mas o que fazer para educá-los para tal arte?
Desculpem, isso foi mais um desabafo, que quis na verdade fazer lá, no meio do teatro, mas não...fui vencida pela teoria do espiral do silêncio, onde o medo da opinião contrária me fez calar! E não sou fidalga não, viu?! Sou do povo mesmo, faço coisas do povo, mas sei respeitar o trabalho dos outros e sei apreciar coisas boas.